Além do Arco-Íris

     A princípio pensei em fazer esse texto de uma forma mais profunda, com alguns dados e histórias, mas decidi que escreveria apenas uma reflexão, de forma leve, e deixar esses questionamentos. Quando se fala de futebol profissional, aqui focarei apenas na modalidade masculina, é, no mínimo, estranho que não tenha jogador assumidamente gay, bissexual... No Brasil, por exemplo, tem entorno de 700 times profissionais, nenhum jogador que "saiu do armário". Mas o arco-íris está em todas as logos durante o mês do Orgulho LGBTQIA+. 

    Dou um minuto, ou melhor, CINCO, para que pense (sem olhar no Google, por favor), pense em algum jogador de futebol de uma das grandes ligas que seja assumidamente LGBT+, ampliando, pense em jogadores ao longo da história das grandes ligas que são. Garanto que dificilmente tenha conseguido pensar em algum nome, é porque são poucos. Na verdade, só há um. No semi profissional há mais jogadores assumidos, mas no profissional, durante a carreira, apenas um jogador, Justin Fashanu, se assumiu gay enquanto jogava a Premier League. Porém, há outros que se assumem depois de encerrada a carreira. O que leva ao questionamento: Por trás desse arco-íris, qual é a postura dentro dos clubes para esse silêncio? 

     Não faz muito tempo que um dos membros diretivos do Sport cometeu homofobia contra um de seus torcedores (Gil do Vigor), houve as desculpas  mas mantiveram o Koury como conselheiro. Só que o Sport não é um caso isolado. O futebol é um meio muito homofóbico. Desde a base, a administração, o vestiário, as torcidas... Houve melhorias, em alguns aspectos. Antigamente era muito mais comum os cantos homofóbicos em estádios. Hoje não se tolera essas atitudes, apesar de ocorrer vez ou outra, há uma represália a estes comportamentos antes tidos como uma "provocação".

    Mas é pouco. É muito pouco. Jogadores precisam se sentir confortáveis para serem quem são, precisam se sentir representados, confortáveis de que não serão boicotados. Não adianta uma logo de arco-íris e faixas e na prática ser permissivo com atitudes homofóbicas. Nesse mês de Orgulho LGBTQIA+ eu queria poder dizer uma história de um jogador que inspirasse os demais, mas o que há é um silêncio assustador, histórias e vidas nas sombras, sufocadas. Não há como ter orgulho do futebol que prega contra a homofobia mas que não tem UM jogador em carreira profissional, numa grande liga que possa estampar as cores e as bandeira do arco-íris com orgulho. 

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